Hora vã

Vi a hora sufocar

Em tristeza mingua.

Que há no tempo só que passa

Quando tu és minha?

Parece que somos tão assim

Que nos esquecemos...

Deixamos de cogitar o que somos:

Dispomos de mais tempo para ser o que sonhamos,

Mas não lembramos onde estamos.

Nossa absolutividade meiga

Repele a relatividade que ceifa,

Ainda que por atos nossos

Que não queiram o mínimo mal

(Que mal há em apenas ser o que só somos?)

E, sem remorso,

Tu me olha (vem o destroço)

Lá se vai meu rosto, meu gosto;

Meu toque,

Levado pelo toque da hora vã.