TERREIRÃO
Sonho. Sonho só por escolha própria neste quarto abandonado. As janelas fechadas. Que sei do calor, do frio ou que seja da tempestade que arrola lá fora?
Que sei do “mundo”, vasto mundo ( alusões perdidas), sonhando sem sonho dentro. Vazio. Campo aberto. Irei sozinho mesmo quando cansar. É preciso continuar em frente. Sempre sozinho. Campo aberto, mas fechado aqui dentro deste quarto.
A janela, pequena demais, para uma visão ampla: vejo nada, como neblina cerrando tudo. Vazio. Campo aberto.
Por que me perdi dos “outros”, as mãos tentaram ainda agarrar os dedos que foram deslizando, escapando, e então, nem apelo, nem grito – a voz sucumbira dentro do peito “acatarrado” – Adeus! E por Deus...
Campo aberto. Vazio. Sonhando. Pernas frouxas de vontade de andar, mas escorado no mesmo lugar. Ando a esmo sem passo dar.
Já não me recobra a vontade de voltar, nem mesmo estagnar, sem nenhum passo dar.
Aonde estão os “outros”, por onde vão me levar, em que nenhuma mão me segurar? Já ando sem medo de despencar, estagnado sem um passo dar. Fechado sozinho sem nem para os lados olhar. Sonhando... por escolha própria sem da tempestade, lá fora, me atinar.
Rodney Aragão