Meu fim (sem lágrimas)
Lembrar de mim?
Pra quê?
Há importâncias em mim, deveras?
Qual a razão de relembrar os passos,
fazendo caso da vida,
aguçando ainda mais esse sentimento de nada que
me apanha aos 22 anos...
Sao 22 anos.
São o máximo do meu tédio.
São a máxima que, em minha vida imbecil, nunca podia faltar.
E plurais são singulares,
e tudo se desencontra,
e não sei por que o cigarro ainda não findou...
Espero qualquer tipo de fim para pôr um fim a minha jornada.
E ando angustiado demais...
E ando amigo demais do meu revólver...
Sem direito à vida.
Sem valores,
sem nada.
Angústias são tenebrosas, e suas delicadezas já me são
peculiares demais. Não suporto relacionamentos duradouros, não nessa intensidade.
Já orei,
rezei,
blasfemei,
escrevi (que é o que há de mais sagrado em mim).
Nada me fez feliz.
Nada me trouxe a paz nunca existida.
E vão-se as palavras,
e tudo vai ao seu exato sepulcro...
Tudo: os homens, a vida, os amores e eu.
E, se vou,
não chorem.
Não chorem, pois lágrimas foram feitas para embelezar a face humana,
não para desajeitá-la perante os olhos de Deus.