Meu fim (sem lágrimas)

Lembrar de mim?

Pra quê?

Há importâncias em mim, deveras?

Qual a razão de relembrar os passos,

fazendo caso da vida,

aguçando ainda mais esse sentimento de nada que

me apanha aos 22 anos...

Sao 22 anos.

São o máximo do meu tédio.

São a máxima que, em minha vida imbecil, nunca podia faltar.

E plurais são singulares,

e tudo se desencontra,

e não sei por que o cigarro ainda não findou...

Espero qualquer tipo de fim para pôr um fim a minha jornada.

E ando angustiado demais...

E ando amigo demais do meu revólver...

Sem direito à vida.

Sem valores,

sem nada.

Angústias são tenebrosas, e suas delicadezas já me são

peculiares demais. Não suporto relacionamentos duradouros, não nessa intensidade.

Já orei,

rezei,

blasfemei,

escrevi (que é o que há de mais sagrado em mim).

Nada me fez feliz.

Nada me trouxe a paz nunca existida.

E vão-se as palavras,

e tudo vai ao seu exato sepulcro...

Tudo: os homens, a vida, os amores e eu.

E, se vou,

não chorem.

Não chorem, pois lágrimas foram feitas para embelezar a face humana,

não para desajeitá-la perante os olhos de Deus.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 13/03/2010
Código do texto: T2136254
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