TURMA DO GASPARZINHO

Desci

Velhas escadas de madeira

Para buscar no porão

Coisas antigas

De que não conseguia me esquecer

Lembranças

Que eram fantasmas

Que não se cansavam de subir e descer

As mesmas escadas gastas

Resolvi encará-los

E dizer-lhes

Que não se pode viver

Numa casa assombrada

Onde não se tem o direito

De amar mansamente

Aliás

De fazer qualquer coisa em paz

Num misto de resignação e coragem

Assentei-me com cada um deles

Ditei-lhes meus motivos

Exorcizei-os

Abri mão do encanto maluco

De portas e janelas que se abrem e se fecham

Assustando pessoas

Das risadas escarnecedoras

De fantasmas sádicos

Que afastavam os pequeninos

Do ímpeto adolescente

De fantasmas imortais

Que burlam as leis

Ficaram de cara feia por muito tempo

Rodeando a casa

Depois

Foram embora