E quando tudo perde o brilho?

Perde a graça, perde o sabor. Perde a pegada, o tesão. Perde aquele gostinho bom de “somos apenas bons amigos” que morrem de vontade de não ser. Fica ali, vazio, na contramão de tudo.

Perde a mão dada, perde o calor, o olhar, o abraço. O boa-noite aguardado fica insosso, indesejado. Perde a cadeira puxada pra perto que, agora parada, imobiliza o sentimento. Perde o carinho no cabelo que me despertava e ao mesmo tempo me deixava mole, mole...

Perde o cafuné na aula, sem medo e sem obrigação; perde a brincadeira com fundinho de verdade...perde o elogio que deixa sem graça, a piadinha fora de hora, o momento que tornava tudo espontâneo.

Tudo fica concreto, se torna de verdade (e antes não era?)... mata aquele bichinho chato mas gostoso do “o que será que vai acontecer?”. Cai na rotina (e olha que nem é casamento antigo).

Ganha beijo, sorriso e abraço, que também são bons, mas fazem lembrar mais o amigo do que qualquer outra coisa que seja ou venha a ser. Isso é bom?! *dúvida*

Talvez o amigo esteja presente demais.

Talvez o beijo que faltava estivesse sempre ali.

Talvez a mão fosse mais quente quando tudo era o momento.

Talvez...

Agora já foi.

Marcela Brunelli
Enviado por Marcela Brunelli em 10/08/2006
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