Desprovido de título

Por muito que eu seja forte, por muito otimismo com que procure olhar de frente todos os dias, por muito que faça, nunca ninguém poderá negar o valor que tiveste na minha existência. Por vezes questiono a decisão que tomei, mas neste instante não existe volta a dar. Por isso redijo-o aqui, mas oculto-o de todos. Escondo-o das pessoas que me falaram: 'Tu mereces muito melhor que ele, estou farto/a de olhar essa tua face sempre infeliz'. Escondo-o de quem me disse: 'Tens a convicção daquilo que estás a praticar? Sempre foste muito chegada a ele, de repente é que tomas a decisão de que não desejas mais?'. Oculto-o de todos e fundamentalmente oculto-o de ti. Que choraste, me deste chocolates e me juraste que nunca irias me decepcionar, que me viste imóvel, sem reação, a pronunciar-te tão iníquos e malvados vocábulos.

Em dias bons, penso que agi direito. Penso que definitivamente estava cansada das tuas atitudes irascíveis e dos teus ciúmes, estava cansada que mantivesses sob domínio todos os meus passos mesmo permanecendo distante.

Em dias maus, apercebo-me que nunca hei de gostar de ninguém como amei e amo a ti. Não falo em gostar mais, ou gostar menos, mas desse jeito que te amei, jamais hei de tornar a amar. Penso que nunca nenhuma boca se encaixará tão plenamente na minha como a tua, penso que nenhuma mão hão de percorrer de maneira tão hábil o meu corpo como a tua, acho que nenhuma voz me animará o coração como a tua.

Hoje estou num dia mais ou menos. Não sei se posso fazer ganhar o mais, e já faltou mais para ganhar o menos. Há dias assim.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 08/03/2010
Código do texto: T2127337
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