Ofertas...

Bate a porta, feito louco... Abro a porta, feito mel...
Um olhar, ainda cedo... Meu sorriso vai ao céu...
E... O gosto de vida... Mais parece um carretel....
O poema vem assim... Perde a rima... Ganham as tintas...
Nas estradas desses riscos... Seresteio sem pensar...
Mas, nas voltas e contornos... Nessas, presuponho-me um grande sonho...
O que oferecer ao mundo?... Alguns risos e confessos gostos?...
Ofertas nas vitrines... Temos muitas... Temos todas...
Cada qual tem o seu jeito... Cada uma o seu esboço...
À vista... Avisto os descostos... Desses, aos quais imploramos...
A prazo... Demora muito... Tem gosto de nunca chega...
O que oferecemos ao outro?.. Pão de meio... Meia flauta... Com miolo... Só a casca...?
Aos meus pés, um grande banquete... Muitas flores... Pétalas que deslizam pelo corpo... Uvas e folhas... Minha dança...
Ofereça-me o mundo... Dispensarei cada gomo...
Anda aflito... Rasga o solo... Sobe a lua, ganha fases... Entra em cena... Deseja, de mim, toda a arte...
Mas, na volta das esquinas... Nem tem rima... Só desfalque...
Peso em chumbo... Cada gesto... Leve e solta?... Ofereça-me ambas as partes...
Dualidade tem seu preço... Promovida a fragmento... Vira-se a face...
Às vitrines, deixo o deslizar das mãos... Às virtudes, deixo as dúvidas...


Trecho... " A Chave"
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