Quando calo...

Quando calo...

Por vezes, ausento-me das palavras,

Para ficar a sós,

E escutar um silêncio que faz ópera em mim...

Calo, consentidamente...

Nesse instante vasculho o breu da saudade,

Das abissais e agasalhadas verdades,

Volto aos lugares onde empalhadas estão as lembranças,

E assim revigoro as desidratadas alegrias,

Restaurando o que é desfeito pelo tempo.

No âmago, permissivamente...

Por épocas necessito estar muda,

Lacrada de vozes e vazios,

Careço de vedar pensamentos vãos,

Regressa nessa turva viagem,

Introspecta,

Inversa.

Cesso, passivamente...

Há momento em que ensurdece o calado eco do meu ser,

Ruidosa lacuna,

Abstida que sou de quem fui...

Então me aparto,

Necessário que é um estremar.

Delimito o trilhar interior,

Sou parte, re-partida,

Intriga da partilha.

Percorro uma ou mais vidas...

Rompo-me, inadvertidamente...

Tem dias e mais dias que me acho intrusa em mim,

Aquém do espectro que me molda,

Busco indicar a saída,

Intento fechar-me para fora desse labirinto.

Perder as marcas que simulam a volta...

Apagar da memória o próprio chão.

Aniquilo-me, condescendente...

Há um tempo de pleno padecer,

De flagelo e submissão

Ao que dilacera,

Dores de penúria,

Do corte, da fúria,

Da estridente,

Aviltante,

Condoída e condizente

Atroz e aparente,

Algoz,

Pesarosa...

Implacável

Inexorável solidão.

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 04/03/2010
Código do texto: T2120387
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