[Quero Nada Não...]
[Volição à linha solta, larga, infinita...]
Para esta mesa vazia,
para o momento deste vinho,
eu queria a tua companhia...
Sou simples; quero nada,
quero só isto, ó:
uma conversa solta,
um cheiro bom da noite,
aquele jazz piano, piano,
as tuas mãos nas minhas mãos,
o perfume de teu colo macio,
o brilho do teu olhar assim,
interrogante do meu olhar,
e mais...
Será este meu querer
um indício de vida?!
Quero... posso... quando,
quando — amanhã?
Ah, nem é preciso avisar:
amanhã — é angústia,
amanhã — é sem tempo,
amanhã — é mar aberto,
amanhã — é estrada sem onde...
E á tardinha, à luz suave,
naquela mesma mesa,
o nosso diálogo continuaria...
Esquecido do tempo!
[Penas do Desterro, 04 de março de 2010]