[A Secura do Silêncio]

[Acho que não cabem comentários a este texto, pois

é apenas uma revisitação de um escrito que não vou nomear,

mas quem sou eu...]

Ao longo de um ínfimo trecho

da despertencida Estrada

onde caminham os viventes,

de mim, nada ficará, nada!

O esquecimento inevitável

é mera questão de um dia após

o outro, e o outro, e o outro...

Nem tantos como sugere

a extensão do verso!

Mas, e naquela precariedade

do curto espaço-tempo,

quando ainda a falta vige,

ou ausência ainda é sentida,

terá alguém o cuidado

de apagar os meus rastos,

as marcas da minha passagem?

Exposto... sem merecer

abutres que limpem

o mundo de mim,

sem um deus a me resgatar?

Será? Não — já os vejo baixar

o vôo soturno sobre mim!

Simples encargo, mera

incumbência essa que deixo

para aves tão nobres...

Que ironia... e que vingança

insípida é saber que, mesmo inerte,

eu possa infestar os pensamentos

daqueles que me odeiam,

ou daqueles a quem eu não

retribui o delírio de um amor...

Como rasgar as fotografias

gravadas na mente?

Como não ser um par de olhos

assim, vigentes na profundeza

absconsa da mente de alguém,

como um fogo que não se extingue,

senão no último suspiro?

[... e naquele ínfimo trecho da Estrada,

já se apagou a luz do meu olhar,

fica apenas a secura do silêncio...]

[Penas do Desterro, 03 de março de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 04/03/2010
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T2118904
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