Onde perdeu-se o menino?
Onde foi parar aquela criança que gostava dos livros e das letras, que era curiosa, experimentadora, afeita às Ciências?
Aonde ela foi parar?
Se escondeu, adormeceu, viajou para países distantes?
Se a criança era a alma, ela deixou um corpo solitário, um coração cheio de dúvidas. Os sentimentos misturam-se... Que falta faz a criança!
Ela vivia em um mundo onde as decisões eram sempre fáceis, a vida alegre, as pessoas felizes, as ciências sempre lindas.
As nuances de uma vida cheia de contornos eram-lhe alheias. Agora nos olhos do adulto, corpo sem alma, os olhos cheios de lágrimas pesadas tal qual o peso que oprime o seu coração pesaroso.
Parece querer que lhe saia pelos olhos toda a dor do mundo, que também é a sua dor.
E o adulto senta e escreve... Vão-se papéis, lápis, canetas, rascunhos e a dor continua... Apenas ameniza. Já procurou vários remédios que pensam ser a sua cura. Serão sempre os remédios apenas paliativos?
Um corpo quente o acalmaria agora. Eflúvios de carinho emanando de mãos e colos quentes. E seu rosto quente noutro rosto a sentir os traços a pele o cheiro de deliciosos cabelos.
E talvez o êxtase em que escreve seja realmente um grande paliativo.
Onde perdeu-se o menino? Com ele foi-se a alegria.