A MARCHA
Vou...
Por entre os caminhos mais rurais,
nas mesmas estradas,
co' a mesma face molhada,
sob o mesmo céu de meu Deus.
E encontro,
desencontro,
surto ao encontrar aquela luz que se esconde atrás da montanha.
As montanhas são livres.
Meus pensamentos,
arraigados ao pensamento dele.
É ele que vem,
rumo a mim,
ao meu encontro,
cavalgando,
resplandescendo,
ser DEUS,
ser maravilhoso.
Continuo a jornada,
acertando-me em cada curva,
submetendo-me a cada instante...
E agora, vamos...
Nós,
dois,
eterno pai e eterno pecador,
nas mesmas estradas,
nos mesmos pensamentos.
Eu e Deus,
Deus e eu.
Mas, não naquele aspecto sozinho e solitário,
revelando uma particularidade.
Não há particular entre nós...
Somos alfa...
Ele, o detentor da palavra,
eu,
um executor de palavras.
Somos ômega...
Ele, o final que traz a mais pura graça,
eu, um desgraçado que vai se dando
aos prazeres da vida.
E estamos acompanhados, que testemunhas são necessárias.
Somos agora três.
Somos agora quatro.
Somos agora múltiplos...
Somos, na verdade, todos diante do mesmo Deus, sedentos da mesma graça, caminhantes no mesmo espaço.
E vamos...
E vou...
E vou,
poeta,
mefisto,
decaído,
ainda vivo.