LOUCURA, MINHA CURA!
A penumbra de uma noite que vaga se desmancha no calor que cobre e recolhe as razões do teu desejo. Embebeda com sonhos de renovação, as escamas do tempo abissal que habita os nichos perdidos das nossas esferas. E, marcado pela ironia o tempo sorrir... sobrevoa o teu território, roçando as suas asas no dorso dos teus lábios.
Num rasante, o frêmito... do olho que aponta e sublinha as letras marcadas na pele nua que é tua. Esquadrinha o tabuleiro desse dia, reverberando com as emoções à flor de um pulsar, os teus segredos verdes e magentas a se dissolverem na palheta escura das minhas texturas.
Cheio de presença o prenúncio abraça as cheias do meu corpo, num grito rouco que deságua enquanto eu atravesso as paredes. Atenta aos ecos do silêncio a tua voz se espreguiça e corre dentro do som para encontrar os silábicos instantes em que adormeço com as asas cansadas.
Que espaço-tempo sagrado é esse, no reservatório de nós, que intercambia conteúdos do fora e do dentro? Ora é bicho, ora é gente, ora é um ser esférico, que ronda, observa as erupções da mente e acaricia as arestas do corpo...
Os raios beijam as artérias e alinham as cartesianas do dia, fazendo o fuso girar no calendário das ilusões. Deparo-me com a máscara risonha do “Agora” e percebo o que possuímos: In-ter-va-los! Esses momentos, que se recuam entre uma coordenada e outra. Assim, no próximo gole do instante, estamos nós: Loucos e sãos. Observadores, na fresta aleatória, de um olhar que espreita e deseja!