O Mundo Que Não Vejo

E a minha prisão é a mediocridade...

Não posso tocar o topo das árvores

E não compreendo a beleza das baratas.

De tanto o vento me chamar, fiquei surdo.

E quando ele passa, meus olhos ardem.

Ele não me acalenta mais...

Privo-me da terra fértil, que amacia os pés

Não noto o simbolismo das flores, a mensagem

dos pássaros, o espetáculo único de cada pôr-do-sol.

Meu receptáculo é raso, não há ponto de confluência.

Os rios me deixaram quando eu deixei de ser pequeno.

E me tornei pequeno.

Não me enxergo nos espelhos d'agua, já que eu nunca

os visitei. Não iriam querer meu reflexo neles.

Imagem turva.

É que minha pequenez espiritual não permite

olhar o Mundo que já foi pleno,

mas que não perdeu a sua magnificência,

mesmo escondido debaixo do cimento,

oculto pela fumaça,

encoberto pelo esgoto,

Renegado pela "razão" humana.

Ele continua livre e assim sempre o será.

Enquanto eu subsisto trancafiado em pedantice

Bebendo o vazio e comendo as migalhas da minha

ínfima existência passageira.

Íu Nunes
Enviado por Íu Nunes em 26/02/2010
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