Doce cabocla
Que em sua rede descansa
Embalada na tarde triste
Cheia de preguiça,de lembranças...
Enrolando seu cigarrinho de palha,
dá sua primeira pitada,sôfrega inala, tal como a vida que leva,de um só trago
Olha ao redor e a solidão lhe acena,só o cachorro repousa ao seu lado,
E a fumaça do fogão de lenha saindo pela chaminé,delineia o lar com cheiro de mãe...
Doce cabocla
Que em sua rede tece sonhos,
Liberta de apegos,traça a vida na calma da tarde
Deixou na cidade o radinho de pilha,
A televisão ela quebrou,
Da guerra, nem de ouvir falar...
Só aguarda o cantador que por ali passar,
Com a viola nas costas,e o verso à improvisar,
Vai hastear a bandeira do Jesus menino,
E na roda da folia de rei vai dançar...
Dança cabocla na tarde que se vai,
A viola chora,
O cachorro acorda
No fogão só as cinzas
A chaminé sem fumaça
E a vida que segue o rumo da estrada
Sinuosa e triste,
E a doce cabocla segue em Paz.