Ao sabor das incertezas...
"Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar"
(Vincent Van Gogh)
E nesse sonhar...
Brindando à incerteza respiro o dia e colho com as minhas mãos as lavas incandescentes da alegria, revestidas no brilho das estrelas que me acolhe a cada gotícula de som que ouço da imensidão.
Observo...
Sinto...
Penso...
Certezas são pequenas armadilhas articuladas, reforçadas
para centrifugar nossa realização interna, 'destituindo-nos' do poder que acolhe o outro, e a nós mesmos, como elementos ativadores da 'cocriação'.
'Não-certezas' são como portais que geram as forças do 'auto-encontro', nos libertam de não sermos o que não sabemos ser e nos induz a olhar em torno e tornar as inúmeras asperezas da vida, superfície para embates resilientes com o movimento da existência.
Certezas nos devoram e não nos devolvem renovados, pois escapam quando menos esperamos e refugiam-se no campo da inconcretude, suscitando possibilidades ilusórias, nos afastando das reais motivações pinceladas nas nossas escolhas e não-escolhas.
'Não-certezas' nos acolhem e derramam sobre nós o brilho interno do pó das estrelas que somos e, que soa nas camadas internas das nossas pequenas autorias de viver o cotidiano.
Certezas nos oferecem uma margem ilusória do controle que pensamos ter sobre a íntima relação com a vida e pode nos "subtrair" o encantamento de existir e aprender a inexistir dentro do paradoxo que somos nós.
E, nas nossas metafóricas viagens rumo à felicidade de ser, do "Eu" que deseja ser, no "Outro" em busca, do "Nós":
Incertezas... são como travessias que reverberam, no tímpano do ser, para quem sabe escutar, além de sentir, ver e ouvir, a vibração da pele que reveste as camadas das próprias contradições como uma dádiva a "experienciar" ad infinitum... e, quem sabe o que poderemos encontrar?