Autobiografia insone
Porque meu Deus?
Somente nestas noites angustiantes,
Teço, com fios brancos, bordados do passado com temas do futuro?
Ponho-me a escutar vozes já ouvidas, sons antigos,
Misturados à sons presentes...
Misturo histórias desconexas, mas conexas do que imagino...
E no silêncio...E canto e giro e canto...e choro e esperneio...
Sorrio com dureza
As pálpebras estão pesadas; olhos e mente alertas...
O ventilador joga ar frio em recordações quentes!
Cubro-me e as horas não passam e só me trazem fantasmas:
São colegas, brincadeiras, pão e pedra, água, cerveja, escola, professores, muros, bolos, atrizes, atores, avós, avôs, meu pai...
Ah! Impudico silêncio
Devassador...
Devassidão...
Álcool a inebriar meu coração
Atordoado
Desolado
Esquecido
Atormentado
E acabo por colocar fim à duas páginas de caderno barato...
Escrevendo às pressas para não me afogar,
Nas límpidas-imundas águas do passado-presente..
Escrito às pressas uma autobiografia insone.