Autobiografia insone

Porque meu Deus?

Somente nestas noites angustiantes,

Teço, com fios brancos, bordados do passado com temas do futuro?

Ponho-me a escutar vozes já ouvidas, sons antigos,

Misturados à sons presentes...

Misturo histórias desconexas, mas conexas do que imagino...

E no silêncio...E canto e giro e canto...e choro e esperneio...

Sorrio com dureza

As pálpebras estão pesadas; olhos e mente alertas...

O ventilador joga ar frio em recordações quentes!

Cubro-me e as horas não passam e só me trazem fantasmas:

São colegas, brincadeiras, pão e pedra, água, cerveja, escola, professores, muros, bolos, atrizes, atores, avós, avôs, meu pai...

Ah! Impudico silêncio

Devassador...

Devassidão...

Álcool a inebriar meu coração

Atordoado

Desolado

Esquecido

Atormentado

E acabo por colocar fim à duas páginas de caderno barato...

Escrevendo às pressas para não me afogar,

Nas límpidas-imundas águas do passado-presente..

Escrito às pressas uma autobiografia insone.

Laanardi
Enviado por Laanardi em 24/02/2010
Código do texto: T2104453
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.