O CONTRÁRIO DE TUDO

Sou a razão dos insensatos,
A insônia dos que não dormem
A tristeza dos que jamais se alegram,
O dissabor dos que têm prazer,
A fome dos insaciáveis,
A sombra dos que buscam a luz,
A ilusão dos que já não sonham
A incerteza dos que não têm dúvida.
Sou o pensamento dos que não raciocinam
A inconstância dos metódicos,
A certeza dos que nada sabem
As lágrimas dos que cantam,
O canto dos que choram
A embriaguês dos que não bebem,
Sou o contrário do certo,
Braços que não abraçam o sabor amargo
Dos lábios dos que não beijam,
Sou enfim um coração solitário
No bloco do eu sozinha.

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Assim confessou-me alguém tristemente só e que por isso considerava-se insignificante o contrário de tantos sentimentos que bem poderiam torná-lo mais feliz.


Brasília, DF
22/02/2010