Morte
Há uma única coisa que continua sendo o centro de todas as minhas indagações, cada vez que me volto para pensar. Certamente não há nada mais forte que esse sentimento tal qual é, sentido pelo desprazer de perder sem pedir, sem escolher. Acabam-se todas as aventuras de novidade vivida, e os sonhos desejados se vão como voam os passarinhos. Talvez assim, não pensasse antes mesmo de esquecer, que havia perdido algo mais profundo quando passei a entender, que gesto maior não se pode ter. Entrei em contato com algo de elevação maior que toca o espírito, cada vez que me ponho a lembrar das vertentes mais óbvias vivias para sempre. E sempre haverá o remorso, sempre haverá aquele qualquer dia de dúvidas que sobrevivem ainda hoje. É uma face oculta, obscura ou não, clara de luz ou negra de vontade de não pertencer. Acontece que as coisas e pessoas se vão e nada há a fazer, o mundo e os Deuses dividem o que necessariamente seria real. Um feixe de retratos mal recortados, sem carícias vivas. Quando não há mais maneira nenhuma de sobreviver, entende-se o quanto haveria de ter sido, e amado. O quanto deveria ser feito, antes que chegasse o momento de não mais ter. O que antes era a realidade da criação parece-me cada vez mais pulsando nas veias, cortando a carne; sem respostas. E voltaria se pudesse para poder dizer tudo novamente. Uma coisa é certa não há mais nada a fazer diante de algo tão inexplicável como a morte. Mesmo que esteja viva.