Movimenta
Há seres que se movimentam,
e eu me movimento,
sorrateiro,
nojento,
cada vez mais humano.
E nunca pensei que humanos pudessem ser poetas.
E nunca pensei que poetas poderiam ser nojentos.
E assumo.
E sou a outra condição de vida.
Existo.
E as palavras saem de mim,
violentamente,
a vós,
crua,
e vós acreditais na união,
e eu persisto na solidão,
e a poesia continua ganhando,
vencendo,
triunfante.
Desobediente,
marquei,
amei de forma errada,
adentrei teu ser por onde não devia.
E sinto-me mais porco por tal coisa.
E escrevo sandices para aliviar a merda que me passa
pela cabeça.
E os cigarros ajudam mais uma vez,
e tudo se muda mais uma vez,
e eu sou um ser que se movimenta...
Um ser quadrúpede,
devido à cachaça,
devido aos modos tortos que me impuseram durante a vida.
Um ser bípede,
devido à natureza,
exclusivamente teu e em teu colo, mãe.