Movimenta

Há seres que se movimentam,

e eu me movimento,

sorrateiro,

nojento,

cada vez mais humano.

E nunca pensei que humanos pudessem ser poetas.

E nunca pensei que poetas poderiam ser nojentos.

E assumo.

E sou a outra condição de vida.

Existo.

E as palavras saem de mim,

violentamente,

a vós,

crua,

e vós acreditais na união,

e eu persisto na solidão,

e a poesia continua ganhando,

vencendo,

triunfante.

Desobediente,

marquei,

amei de forma errada,

adentrei teu ser por onde não devia.

E sinto-me mais porco por tal coisa.

E escrevo sandices para aliviar a merda que me passa

pela cabeça.

E os cigarros ajudam mais uma vez,

e tudo se muda mais uma vez,

e eu sou um ser que se movimenta...

Um ser quadrúpede,

devido à cachaça,

devido aos modos tortos que me impuseram durante a vida.

Um ser bípede,

devido à natureza,

exclusivamente teu e em teu colo, mãe.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 20/02/2010
Reeditado em 15/02/2016
Código do texto: T2097312
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