A Mão da Morte
De pejo não carece a mão da morte
Quando seu relógio atrasa ou trava;
Com pejo não se merece
Espera ir além, nos rastros do bem
Belém, Belém.
Com medo não acata o braço da vida
Na tenda da morte;
Esforços das setas torpes
Gentileza nos átrios, respirando sangue novo
Belém, Belém.
Não se atrasa, nem ponteia o relógio da morte
Quando seu braço se estende à imensidão
À ignorância da multidão;
Fugidias e rasteiras do corte no pé, do fedor da mão
Belém, Belém.
Pelo achado, não se censuram incontáveis dragões
Com o eflúvio ósculo da morte, na comarca da solidão;
Não se peia, nem norteia à porta que se lhe agrega
À invenção ligeira do homem, ao velame;
Pés e mãos nas cavadeiras que enterram narcisos
Belém, Belém.
A morte morre aos lentos golpes da enxada enferrujada
Não morre depressa, morre vestida;
Teceu o braço da vida, a gravata da data da morte
Não trouxe então, aquela multidão
Nem seus dentes escuros, com gosto de cedros;
Meteu oxidados braços no brotado vão das cordas da vida
E os que viam, ouviam:
Belém, Belém.