A Mão da Morte

De pejo não carece a mão da morte

Quando seu relógio atrasa ou trava;

Com pejo não se merece

Espera ir além, nos rastros do bem

Belém, Belém.

Com medo não acata o braço da vida

Na tenda da morte;

Esforços das setas torpes

Gentileza nos átrios, respirando sangue novo

Belém, Belém.

Não se atrasa, nem ponteia o relógio da morte

Quando seu braço se estende à imensidão

À ignorância da multidão;

Fugidias e rasteiras do corte no pé, do fedor da mão

Belém, Belém.

Pelo achado, não se censuram incontáveis dragões

Com o eflúvio ósculo da morte, na comarca da solidão;

Não se peia, nem norteia à porta que se lhe agrega

À invenção ligeira do homem, ao velame;

Pés e mãos nas cavadeiras que enterram narcisos

Belém, Belém.

A morte morre aos lentos golpes da enxada enferrujada

Não morre depressa, morre vestida;

Teceu o braço da vida, a gravata da data da morte

Não trouxe então, aquela multidão

Nem seus dentes escuros, com gosto de cedros;

Meteu oxidados braços no brotado vão das cordas da vida

E os que viam, ouviam:

Belém, Belém.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 05/08/2006
Código do texto: T209671
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