Decepção

Que há com os corações?

Andam se repelindo?

Estão amargurados?

E eu que achava que era seco...

Onde estão as canções que eu, alegremente encantado, entoava aos teus ouvidos em noites quentes, em noites que nos envolviam?

E eu que achava que tu eras minha.

E eu que supunha surpresas e mentiras.

Foi tudo uma mentira.

Acabei-me,

atirei-me ao chão,

despedaçei-me em ti.

E doeu...

Feriu-me a alma,

forçou-me a face na lama da vida,

subjugou-me e acabou por traspassar meus sentidos.

Usaste da malícia,

criaste todo esse monstro,

fugiste à vida.

E eu que achava que amores são amores, nada mais.

E eu que achei meus ossos doloridos e machucados, pois a ti dediquei toda a vida humana, efêmera, carnívora.

Que há com os corações?

São como latas que batem pra lá e pra cá, ao sabor do vento, ao relento vil?

Ossos são ossos.

Amores são monstros.

Meus amores.

Meus monstros.

E eu que achava que tudo era questão de achar.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 18/02/2010
Código do texto: T2094273