Decepção
Que há com os corações?
Andam se repelindo?
Estão amargurados?
E eu que achava que era seco...
Onde estão as canções que eu, alegremente encantado, entoava aos teus ouvidos em noites quentes, em noites que nos envolviam?
E eu que achava que tu eras minha.
E eu que supunha surpresas e mentiras.
Foi tudo uma mentira.
Acabei-me,
atirei-me ao chão,
despedaçei-me em ti.
E doeu...
Feriu-me a alma,
forçou-me a face na lama da vida,
subjugou-me e acabou por traspassar meus sentidos.
Usaste da malícia,
criaste todo esse monstro,
fugiste à vida.
E eu que achava que amores são amores, nada mais.
E eu que achei meus ossos doloridos e machucados, pois a ti dediquei toda a vida humana, efêmera, carnívora.
Que há com os corações?
São como latas que batem pra lá e pra cá, ao sabor do vento, ao relento vil?
Ossos são ossos.
Amores são monstros.
Meus amores.
Meus monstros.
E eu que achava que tudo era questão de achar.