Virei sargaço
Quando me imaginei perdida,
Me reconstruí, virei sargaço.
Galho à galho, folha à folha.
Pouco a pouco, me refiz.
Dos cabelos aos pés, me invadí deles,
Me fiz verde, me fiz marrom,
Me fiz aquosa, me fiz mole, mole.
Virei sargaço de cima á baixo.
Dancei no fundo dos mares,
Rolei sobre as ondas,
Nas praias, aportei.
Pisaram-me, afundaram os pés em mim,
Até me comeram, mas continuei sargaço.
Tomei mil formas, tomei mil cores,
Mas, o cheiro, sempre o mesmo.
Cheiro de sal marinho, de maresia
Que levanta quando o vento vem e vai.
Simplesmente, eu virei sargaço.