[Paisagem do Nada]

Queixumes inúteis

ao léu da noite...

Visitações insones

às quadras daquele prazer;

eram outros instantes,

quando tudo parecia

fazer sentido... e fazia!

Reclamos do corpo,

uivos de cão solitário

a revolver o lixo das incertezas;

eu, a perder-me de mim...

E perdi - tanto fiz, tanto...

Mas, sem fazer o que devia,

restei só, nesta paisagem que criei,

a paisagem do nada...

Agora, sentido...? Nenhum.

Só este escoamento morrente,

manação destes becos d'alma;

vida-rio que apenas desaparece

nos desertos... nos meus desertos,

estes restos do meu nada ser,

a voragem dos tempos idos...

Tempos em que a escureza

do olhar era o ápice do prazer,

trama sutil de um encontro,

encontro da vida inteira...

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[Penas do Desterro, 18 de fevereiro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 18/02/2010
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T2093000
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