Provas de amor
- Claude Bloc -



Sempre que te escrevo, invento uma paisagem para te ver. Um céu azul celeste, flores na margem de um rio. Um horizonte longínquo e etéreo. Felicidade servida em taças de cristal... Mas já não acreditas, eu sei, em quase nada do que escrevo.

Lembro-me do bilhete que me deixaste um dia na caixa do correio: “é verdade o que tu me disseste?”. E eu que já não esperava mais nada, me preparei para te enviar mais uma acetinada declaração de amor. Mesmo sabendo que tu acharias ridículas, todas as minhas tentativas de ressuscitar antigas vigílias, noites e noites em claro me entregando à intensa tarefa de te dedicar meus escritos.

Dei-me conta, com o passar dos anos, que as palavras de amor são um fator de risco. E sei que um dia me dirás sorrindo, abrindo as comportas de algum sonho: no sangue "não há amor, só provas de amor".

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