Eu sou mangue, mangue eu sou.

Um dia fui me desfolhando...pouco a pouco fui deixando pelos caminhos galhos de mim. Eu sou mangue. Minhas folhas, meus dias, minha vida, se foram boiando tal qual barquinhos de papel, sem rumo, sem prumo, sem mangue.

Sou dura aparentemente, mas sou frágil no interior. Eu sou mangue. Sou flor de mangue, branca, sem nenhuma espressão, mas abrigo no meu interior milhares de vidas. Sou berço,sou leito de procriação, sou cama para o amor. Eu sou mangue, Mangue eu sou.

Meus cabelos são duros e se vergam ao sabor do vento e da água. Enfiados na lama mole e macia, eu me espalho tal qual peste. Eu sou mangue, mangue, eu sou.

Sou bonito, traiçoeiro, escondo qualquer um entre meus cabelos que se afincam como lanças na lama que me serve de cama. Eu sou mangue, mangue eu sou.

Sirvo de abrigo aos que me procuram, protejo os que em mim, se escondem. Mas, juro, eu sou mangue, mangue, eu sou.

Avanço nas praias, asilo os que estão na iminência de serem comidos, mas, sou forte. Sou mangue, mangue eu sou.

A lama que me acolhe, a lama que me envolve é a mesma que me serve de leito nupcial.

Agora já sabes o que é o mangue. Mangue sou eu, o que mais poderia ser?