Minha angústia

Choro.

E não que as lágrimas me sejam peculiares.

É que a angústia que me move ao ermo é mais forte do que eu.

É mais forte...

E antigamente os cigarros davam jeito.

E noutros tempos a vida era mais controlada,

com saídas e escapes que eu dominava mui bem.

Mas agora, não.

Não há mais domínio.

Há sim, uma tentativa louca de reaver a paz,

uns anseios tristes de me entregar,

uma fusão de sentimentos que me trazem enxaquecas terríveis.

E vou aos comprimidos,

e tento novamente os cigarros,

e dou-me ao etanol industrializado,

ao natural,

às ervas...

Choro.

E permaneço chorando, porque a tua queda me matou.

Se estás no chão, estou na lama.

Se te atormentam,

é a mim que maltratam.

Estamos intimamente ligados,

fraternalmente abraçados.

Amores amavelmente amados.

Choro.

Choro mais um pouco,

e a vida acaba de passar na outra esquina...

E eu acabo de perder a oportunidade de viver melhor,

de te amar de novo,

de não chorar por uns tempos.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 12/02/2010
Código do texto: T2083572