O visitante chegou

Tá tudo tão estranho...

As casas caem,

os homens padecem,

o resto aparece, como sustento aos remanescentes.

Mas não queremos sustento de restos...

Não merecemos tão pouco.

Merecemos?

Tá tudo tão estranho,

desproporcional.

Angústias são normais a essa altura do jogo,

e o homem chora,

e as mães choram,

e eu me calo.

Calo-me diante da perversão do que se vê.

Calo-me por não ter mais palavras.

Calo-me por não poder ajudar,

e como o mundo anda caído,

caio também,

padecendo,

executando-me,

atirando-me ao nada,

ao meu nada particular.

É tempo de angústias.

É tempo de guerras.

E os bichos,

naturais,

anormais,

(os de Bandeira),

todos,

um a um,

vão se calando...

É que o fim já bateu à nossa porta...

É que estamos com medo de abri-la.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 12/02/2010
Código do texto: T2083325