Ela bateu em minha porta

Era de manhã e a campainha tocou.

“Quem será, para me interromper nesse instante crucial?”, pensei.

Gritei da cozinha: “Já vai!”

Passei as mãos sujas e úmidas no tecido pendurado perto do fogão, à direita da mesa onde eu estava “trabalhando” naquele momento.

E fui atender a porta, contra minha vontade.

Fui atender a porta, com receio.

Quando abri – era a Morte.

Assustei-me, mas o susto não durou pois ela me disse para acompanhá-la, pois era a minha hora.

Disse que eu deveria viajar com ela agora.

Meus intestinos tremeram como se os espetasse com doze mil espinhos de uma roseira jovem.

Eu disse: “No momento não posso, estou realmente ocupado!”

Pensei, por um infinitésimo, e fechei a porta.

Não fechei, bati.

Enconstei meu rosto sobre a madeira gelada.

Eu respirava de forma ofegante, faltava-me ar.

Fui retornar à cozinha para terminar o que havia começado.

Virei-me.

Já estava no inferno.