IGUAIS
O que nos leva a viver esta distância indesejável, se a noite vem e com ela a vontade de estar a dois? O que existe de verdade nas palavras, que não preenche o vazio das coisas não ditas? Por que o silêncio desliga a compreensão, se a franqueza é latente no olhar? O que nos leva a agir como insensíveis, contrariando o pedido mudo que faz o coração? Por que evitamos a torrente de sentimentos e nos mostramos cruéis para nós dois? Por que vestimos esta máscara de segurança e escondemos a necessidade que temos de nos amparar? O que nos leva a agir assim?
Somos iguais, não somos? Até na máscara, na malícia, nos despistes... E como iguais, inseguros, insatisfeitos, carentes. E tão iguais, sem coragem de pedir e tentar dar. Sem coragem de enfrentar. Aceitando migalhas. Agarrando-nos a momentos que não satisfazem plenamente. Reprimindo uma felicidade.