NÃO CANTO O CANTO DAS SEREIAS

 

São tantas as noites que deito e não durmo e choro baixinho pensando em te ver...

Não, não é o canto da sereia. É a velha canção que toca no mp3.

E eu canto sozinha, deitada no escuro... Canto pra adormecer, canto pra não morrer. 
 

Ah, se eu fosse só razão...  Sou também coração, só queria poder te esperar, matar a saudade, saciar a vontade...

Vontade de dormir de conchinha, mimar, beijar, coçar as costas... Beliscar o bumbum e as lindas pernas grossas. 
Massagens, carinhos, beijinhos... Ah, os beijinhos que tu gostas...

Saudade da tua voz, do teu gosto... Não quero, mas já temo esquecer o teu rosto.

Saudade do teu cheiro, do teu riso que me tira do juízo.
Saudade de mim quando estou contigo...  Sem reservas, inteira, sem cálculos, sem areia... Sem canto encanto, não canto o canto da sereia.

Saudade de cada momento, de adivinhar teu pensamento, de fazer amor contigo.  Ah, o amor contigo...
E depois esquecer o cansaço, no calor do teu abraço.
Ah, o teu abraço amigo... Meu porto seguro, meu melhor abrigo.

Não, não quero chorar.
Ainda que em pensamento, quero voltar a um tempo em que teus olhos verdes ainda queriam brilhar...
Não, ainda não quero esquecer...
Atenas, Lagoa Azul... Piscina morna, champagne gelado.

Ah, o champagne... O sabor dos bons momentos, borbulhas inquietas como meus pensamentos.

Não, não sou só coração, sou também razão.
Lamento se desencanto, mas não cantei e não canto, nunca cantarei o canto das sereias.

*N.A.
O canto das sereias é um canto belo, falso, destruidor, mau. Sinônimo de traição e falsidade, atrai o navegante para a desgraça, a tragédia, para a dor, para o naufrágio, mesmo que simbólico.  
Na mitologia grega, habitavam uma ilha do Mediterrâneo diversas sereias, cujos cantos atraíam os navegantes de forma irresistível. Ao aproximarem-se da ilha, seus barcos batiam nos recifes e naufragavam. As sereias, em seguida, devoravam suas vítimas. O herói  de Odisséia, Ulisses, desenvolveu uma solução simples porém eficaz: ordenou que sua tripulação tampasse os ouvidos com cera e amarrassem-no ao mastro, não podendo soltá-lo de forma alguma, ainda que ele gritasse para tanto. Sobreviveram.

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Tânia Alvariz
Enviado por Tânia Alvariz em 10/02/2010
Reeditado em 07/10/2010
Código do texto: T2079762
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