Nunca mais. Nem eu, nem você.
Nunca mais, nem eu, nem você,
Abracei-me ao seu silencio e fiquei mudo, fique cego de emoções.
Nunca mais os beijos teus , nunca mais o corpo, nunca mais a seiva de teus lábios e nunca mais o sol no esplendor de seu poente se fez nas minhas tardes.
Abracei-me ao teu ódio e nunca mais pude respirar a paz que é dos homens de boa vontade, nunca mais me fiz de anjo, nunca mais me fiz sereno, nem mesmo nas madrugadas inocentes em que o sono me deixava alquebrado e sonhador.
Nunca mais explorei os quintais de minha casa, nunca mais a fantasia se fez dentro de mim, e nunca mais busquei nos bosques da minha imaginação a flor de lótus para fazer um elixir.
Depois que mergulhei no abismo da sua mudez, nunca mais me fiz de herói, nunca mais ousei tocar a cítara para acordar as ninfas das florestas e cheirar os narcisos a beira dos riachos.
Depois de seus olhos apagados para o brilho dos olhos meus, deixei de subir a serra para ver o por do sol e contar às estrelas que anunciavam a noite. Nunca mais prendi pirilampos na lanterna da minha imaginação e meus veleiros se perderam nas furnas assombradas do meu mar.
Nos meus bosques já não florescem os lírios brancos, e, na minha terra do faz de conta, as mágicas não funcionam mais. Não passam as nuvens claras brincando com o vento, não levanta a poeira avermelhando as pedras das estradas e as estradas não possuem a poesia e o ranger das porteiras.
O seu silencio não se faz de inocente, antes, tortura mais que muitas vozes, seu silencio simplesmente se fez por que você quer vingança. Você não soube perdoar. Realmente você nunca amou.
Abracei-me ao seu silencio e nunca mais nem eu nem você fomos felizes.
São Paulo, 08 de fevereiro de 2010.