Cordeiro como Lobo
Entre as cercas de fios trançados, sangue pisado
A nascente secando as gotas do cipreste úmido
No canto à parte, com alcunha estampada no jaleco
O lobo, rival do poeta e dos guepardos.
Não quisera discutir vinténs, podia reinventar a lógica
As horas escalpeladas como codornas ao fogo
Mediam os passos a vencer degraus mofados
Passa pra lá, passa pra lá!
O cordeiro se mostrava lobinho, desfaçatez
Lama aberta no terreno turfoso, máscara negra
Naus ultimavam-no ao silvo pungente
Assim, tomavam rumo ao deserto das patas.
Não se podia imaginar o cordeiro
Perspicaz lagarto do banhado
A escaldar meros alfinetes boêmios
No mar inquisitivo dos verbos.
Havia sim, à carona do apelo
O mestre cordeiro e seus segredos
Fornicando ovos de calões juvenis
Para, no deitar do sol, devorar o lobo.