Cordeiro como Lobo

Entre as cercas de fios trançados, sangue pisado

A nascente secando as gotas do cipreste úmido

No canto à parte, com alcunha estampada no jaleco

O lobo, rival do poeta e dos guepardos.

Não quisera discutir vinténs, podia reinventar a lógica

As horas escalpeladas como codornas ao fogo

Mediam os passos a vencer degraus mofados

Passa pra lá, passa pra lá!

O cordeiro se mostrava lobinho, desfaçatez

Lama aberta no terreno turfoso, máscara negra

Naus ultimavam-no ao silvo pungente

Assim, tomavam rumo ao deserto das patas.

Não se podia imaginar o cordeiro

Perspicaz lagarto do banhado

A escaldar meros alfinetes boêmios

No mar inquisitivo dos verbos.

Havia sim, à carona do apelo

O mestre cordeiro e seus segredos

Fornicando ovos de calões juvenis

Para, no deitar do sol, devorar o lobo.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/08/2006
Código do texto: T207572
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