Sempre à Tona

O café da manhã foi chorume

Caldo tórrido que aceita desaforos

Acompanhado por pães de lágrimas baratas

Geléias de ensaios dançantes, a incrementar;

Os goles não eram passíveis de asco

Notava-se nata de hipoclorito de sódio

À medida da putrescência da carne fina.

O frio matinal picava os ossos

Num desespero recorrido de alcova;

Pelos passeios das palavras, nutria-se um gel

De acurácia em filme, o berílio na restinga

E os alísios chocando-se contra as grelhas

Sebásticos membros do algemado sol

Solidão pura, assaz escura.

Batia à porta do cais, o velame amortecido

Já não era bandido, pegava emprestado

Os entraves foram perdendo a força

E a neve prestou serviço ao amparo do dia

A carne fina era a gaivota a bisbilhotar enxames

As lágrimas baratas eram lá, tão donas de si

Que invejou senhorio de urubus a triscar os excrementos

Vela deixada de lado, fixação do cerame em passado.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/08/2006
Código do texto: T207377
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