TIRO
Então fico aqui buscando palavras; mas vem aquele branco, o vácuo ou a ausência de.
Rabisco e deleto.
Chuvisco!
Penso numa loja de inspirações...
- Senhor, por favor, desça prá mim aquela motivação ali...não não, essa aí grandona no armário da esquerda, sim?
Bom seria!
Mas aqui no meu desabafo de número cinco mil setecentos e vinte e cinco, tudo o que quero escrever simplesmente não vem.
Fico me perguntando onde diacho se enfiaram as palavras que faziam sentido, além de aqui dando voltas em minha nuca mascando chicletes.
Vou assim, descendo escadas no escuro sem corrimão...a alma pedinte de poemas em mãos tateando tombos.
Tento mais uma vez. Sou escombros! Devolvo-me àquele estado vegetativo de quando é sábado e a gente lida como segunda.
Insistente, observo o teclado de fala rasa e profunda.
Acaricio as letras em seu leito...digo alto: Isso tem que ter jeito!
Deve haver por aqui algum generoso trilho.
Uma bala, que no cio da agulha deslize tarada,
e inesperadamente,
puxe o gatilho.