Já não há fim...
O fim se aproxima. Sem pessimismos.
O fim é abstrato,
cheio de dogmas,
cheio de mistérios,
todo meu.
O fim é cruel,
ambicioso,
mágico.
Deixo a bagagem,
pois bagagem não é necessário.
Deixo a família,
Pois família não existe lá.
Deixo minha obra,
pois não hei de ser obreiro,
serei apenas partícula,
célula em mitose nas mãos de Deus,
pedaço de história que se vai com suas virtudes,
que se desfaz com suas mazelas.
O fim se aproxima.
Está tudo acabando.
Mas, de repente,
em plena escuridão,
quando o último suspiro se aproxima,
quando a morte se faz presente,
vejo uma mão,
a mais poderosa,
aquela que retira da cova os corpos mais cansados.
Aquela mão cujos cravos perfuraram,
fazendo-a sangrar,
exibindo-a humana,
mostrando-nos o QUÊ de homem que detém o domínio.
Deus pai,
Deus homem,
que me salva,
que faz o fim retroceder,
que me arranca lágrimas ao escrever,
que me liberta a cada segundo.
E agora, o fim já não se aproxima.
Ele é submisso,
inferior,
ciente da superioridade do Deus que me guarda.
Já não há fim...
Já não há fim para nós, amigos.
Ele volta.
Ele voltou.
E a história confundiu-se,
e tudo pára,
e tudo cala...
E só o Senhor é Deus.
Poema escrito em momento de mais profunda depressão.