NEBLINA
Conquanto o calor esteja totalmente fora de controle, tórrido, insuportável, dias com mais de doze horas de sol brilhante, que a cidade durma mais tarde, estentendo o barulho humano até a madrugada, meus dias são apenas de sombras, alternando as claras com as escuras.
Seu nome é solidão. Uma solidão sempre de alma. Antiga. Uma solidão de quem não encontra eco no seu sentir, pensar, gostos, à procura de alguém que fale a mesma língua de sua alma.
São os dias de neblina, uma atmosfera de estufa, os olhos baços e confusos. Não sei até que ponto meu interior possa ser responsável por tal paisagem ou vice-versa. Serão as gotículas na testa e as lágrimas nos olhos que formam essa cortina cinza, pálida?
A neblina envolve meus dias. Adensa-se. Mal diviso algo além do diâmetro
junto aos meus pés.
Quisera poder furá-la com o dedo indicador, dissolvê-la como a uma bolha de sabão, soprá-la como chama que se quer apagar, como aqueles rabiscos deixados na areia, que a maré traga e leva embora.
Quisera dela sair, respirar do lado de fora, pulmões cheios e livres!
Um balão no ar, no céu alto!
Quisera poder ir embora de mim.
Rasgar o verbo e a veia.
Fazer-me pó sob essa neblina,
Entre flores e um campo verde esfumado...
imagem: Google
Copyright © 2010. Kathleen Lessa. Todos os direitos reservados.
Conquanto o calor esteja totalmente fora de controle, tórrido, insuportável, dias com mais de doze horas de sol brilhante, que a cidade durma mais tarde, estentendo o barulho humano até a madrugada, meus dias são apenas de sombras, alternando as claras com as escuras.
Seu nome é solidão. Uma solidão sempre de alma. Antiga. Uma solidão de quem não encontra eco no seu sentir, pensar, gostos, à procura de alguém que fale a mesma língua de sua alma.
São os dias de neblina, uma atmosfera de estufa, os olhos baços e confusos. Não sei até que ponto meu interior possa ser responsável por tal paisagem ou vice-versa. Serão as gotículas na testa e as lágrimas nos olhos que formam essa cortina cinza, pálida?
A neblina envolve meus dias. Adensa-se. Mal diviso algo além do diâmetro
junto aos meus pés.
Quisera poder furá-la com o dedo indicador, dissolvê-la como a uma bolha de sabão, soprá-la como chama que se quer apagar, como aqueles rabiscos deixados na areia, que a maré traga e leva embora.
Quisera dela sair, respirar do lado de fora, pulmões cheios e livres!
Um balão no ar, no céu alto!
Quisera poder ir embora de mim.
Rasgar o verbo e a veia.
Fazer-me pó sob essa neblina,
Entre flores e um campo verde esfumado...
imagem: Google
Copyright © 2010. Kathleen Lessa. Todos os direitos reservados.