NOSSO OLHAR
HOJE quero escrever sobre a importância do nosso olhar.
Muitos dias, não olhamos com o devido carinho e atenção para a nossa família, para os nossos colegas de trabalho e para o nossos amigos mais chegados.
Muitas vezes, só enxergamos os nossos umbigos, choramos apenas pelas nossas dores, sem se importar com as dores do nosso próximo.
Deveríamos aprender com Jesus a importância de um olhar. Em sua vida pública, Ele pregou muitas vezes através do olhar, quando trouxeram a prostituta para que ele a condenasse, depois que ele disse que apedrejasse a mulher, aquele que não tivesse pecado, e começou a escrever na areia, depois levantou-se, olhou para Madalena e perguntou: “onde estão as pessoas que estavam lhe condenando?” Com certeza, naquele momento ele a olhou com muita ternura, e a partir daquele olhar, houve uma mudança radical na vida dela. Como houve uma mudança radical na vida de Zaqueu, quando Jesus olhou para cima da árvore e disse que iria jantar em sua casa, quando olhou para Pedro ao terem lhe negado por três vezes, quando olhou com um olhar de reprovação os vendilhões do templo. Quando percebeu a pouca fé dos apóstolos, na noite que apareceu no mar da Galileia. Enquanto Pedro tinha fixado seu olhar em seu mestre, conseguiu caminhar sobre as águas, só levando a se afundar após ter desviado o seu olhar de Jesus.
Assim acontece na nossa vida, quando desviamos os nossos olhares de Jesus.
Jesus olhou para aquele cego que gritava: “ Jesus filho de Davi,tende piedade de mim!” Para aquele aleijado que teve quatros amigos corajosos e ousados, aponto de subirem nos telhados com o doente numa maca, para chegar até onde ele estava.
Na cura dos dez leprosos, ele tinha olhado com carinho e com ternura para os dez, mas seu olhar só penetrou naquele que voltou para lhe agradecer. Os outros olharam, porém não viram a grandeza que representava aquela cura em suas vidas, pois voltariam a fazer parte da sociedade através daquela cura.
Nos também somos muitas vezes, ou na grande maioria delas, como os 9 leprosos, mau agradecidos pelos milagres da vida. Queremos sempre mais, mais, mais e nunca paramos para perceber o quanto de graça Deus tem abençoado a nossa vida.
Falamos através de nosso olhar, nos expressamos através de nossos olhos. Bem que se diz que os mesmos são as janelas de nossas almas.
Pois por um olhar, se conquista ou não uma amizade, um amor. Com um olhar podemos alegrar ou entristecer o dia de uma pessoa.
Através de um olhar, tem pessoas que consegue matar plantas, deixar o outro deprimido.
Por isso, devemos vigiar a maneira em que olhamos para o mundo ao nosso redor. Deveria de ser sempre com muito carinho, muito amor. Com certeza estaríamos ajudando na construção de um mundo melhor e mais fraterno.
Devemos olhar além do externo, com os olhos da fé, do transcendente, além das paredes de nossas cavernas, em que falou Platão. Ir a busca da terceira Margem do rio, em que escreveu Guimarães Rosa.
Olhar a beleza da vida nas coisas simples do nosso dia a dia, que na maioria das vezes nos passam despercebidos pela sua simplicidade, ou por estarmos acostumados com a sua presença.
No relacionamento entre namorados, esposos e esposas, acontece muito disso. Por se acostumarem com a presença do outro, se acomodam em seus sentimentos. Já não se tratam com aquela paixão, aquele amor, com o mesmo carinho do primeiro olhar, da primeira conquista.
Deixam esfriar o amor entre os dois, por acharem que depois da sua presa conquistada, ela definitivamente lhe pertence. Não sabe que o amor é um sentimento dinâmico, que precisa ser regrado diariamente. A pessoa amada deve ser conquistada a cada novo nascer do sol.
Não me refiro só os amores dos amantes, marido e mulher, namorado e namorada; mas o amor de pais e filhos, irmãos e dos amigos. Todos têm que ser regados com muito dialogo.
Mário Quintana escreveu que “a amizade é um amor que nunca morre”. Acho que para isso se faz necessário uma dedicação de nossa parte. Assim como para escrever este artigo, eu tive que tirar um tempo para me dedicar à escrita. Tive que olhar para dentro de mim e enxergar os meus lixos e tesouros.
Não é um texto fechado, pronto. Pois aprendi que não existe um texto pronto. Vou além: acredito que não haja nenhuma obra de arte pronta, acabada.
O próprio arquiteto do mundo ainda não acabou a sua criação, imaginem (nós) pobres mortais limitados.
Luiz C. Gandim.
Janeiro de 2010