Retrato de casas
Nesta casa chamada Brasil tem de tudo. De tudo um pouco ou muito. Gente com casa, gente sem casa, gente longe de casa e com saudades de casa.
É comum erguer-se casas. Casas variadas, grandes, pequenas, coloridas... Abrem-se casas. Casas de utilidades e até mesmo de futilidades. É indispensável a casa.
Há quem casa e quer casa. Casa-se mesmo sem ter casa. Outros que não casam, porque não tem ainda a casa, mas não desistem de casar. Há quem já entrou na casa dos quarenta, com casa e ainda não casou.
Melhor seria aprender a casear... É um ótimo exercício! Agulha e linha, ótimo casamento! Um acabamento aqui, outro ali e pronto! É só abotoar a camisa. Fácil como jogar xadrez, embora muitos achem difícil movimentar as peças do jogo em sessenta e quatro casas. Haja casa, haja cérebro para que não se perca nas casas...
Além disso, nomeiam-se as casas. Casa da fazenda, casa civil, câmera, senado, casas “desconhecidas”. Muitos nem sequer sabem o que se passa em suas casas, muito menos nas diversas casas de sua cidade ou país. Nem fazem caso de conhecer bem os candidatos à certas casas. Resultado lamentável: rombo na casa dos milhões. Casa de detenção, já!
Num lugar onde multiplicam-se as casas, casas de pau-a-pique e papelão, bonitos casarões e requintadas mansões, é possível vê ainda “casas-grandes” dos diversos “engenhos” que existiam no Brasil. São retratos de casas, apenas casas, de um país paradoxo.