[Esta Idéia Louca]
Assim, isto mesmo... morbidamente... eu gosto do cair [sobre mim] do mundéu sombrio desta hora, deste chumbo no céu... Deste fechamento, deste absoluto nada restar, deste não ir a parte alguma, deste resto de nada, deste último vômito, desta constatação, pela n-ésima vez, do absurdo de estar só...
Neste último gole da noite, a paz é quase sepulcral. Ocupada em outros mistérios, Hécate dos Infernos não desceu a percorrer o mundo, e assim, os cães não ladraram para carro da deusa, para o ermo... não criaram, portanto, mais vazios em mim. Também os galos, profetas da alvinitente luz das manhãs, silenciaram... Nem os galos... ah, que hora, que dia, que dias últimos são esses que me levam...
Restou quem, no rabo da noite... Só eu, o blues, e esta idéia louca de você, na minha mente...
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[Penas do Desterro, 05h46 de 03 de fevereiro de 2010]