DESABAFO
Não me causa estranheza a morte,
Que é o destino de toda gente,
Mas a soberba dos que se acham eminentes,
Emergentes.
O que me causa espanto
Não é a violação de direitos,
O latrocínio,
A pedofilia,
Mas a arrogância dos ricos de oportunidades
E pobres de caridade.
O que me assombra
Não são as correntes arrastadas
Dos fantasmas da minha memória,
São as faces risonhas
Que trazem punhais por trás dos dentes.
Ainda me surpreendo com essa gente
“sou tão boa que não me basto”
“igual a mim, procuro e não acho”
Apenas verborragia indecente...
Chega!
Tapei meus ouvidos
Voltei pro meu umbigo
Entre tantos adjetivos, substantivos e correlatos...
Agradeço a alcunha de ‘bicho-do-mato’.