Conversa Com Adélia (Cover)
EstherRogessi (Inspirado no poema ‘Dona Doida’ de Adélia Prado)
A mente humana lembra o que não quer, são flashes em velocidade luz,lembranças de quando criança...
O passado bem presente.
Não lembro da chuva, como chove agora, nem dos seus pingos na poça d’água... Adélia, lembro daquele caderno, página arrancada para dar vida ao barquinho, que vi correr, após a chuva rente ao meio fio da calçada; de minha mãe... certamente lembro!
Falo convicta: chuchu novinho, angu, molho de ovos, rosas,amores,flores e cravos... não lhe inspiraram.
Quem sabe, nisso também temos afins?
Fugas, encontros, desencontros, desenganos... e, uma loucura, onde os loucos de pedra se julgam sãos.
Lembro da lua... Eu correndo, de cara prá cima n’uma vã tentativa de fugir dela;lembro também, daquele personagem mudo e insistente, desenhado na calçada, que não me largava... enquanto, eu corria aos gritos, pedindo socorro, querendo me livrar de sua insistente companhia, nas noites de lua... em vão!
Coisa de doida... Adélia!
Dona Doida
Adélia Prado
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
O texto acima foi extraído do livro "Poesia Reunida",
Editora Siciliano - 1991, São Paulo, página 108.
Adélia Prado
EstherRogessi (Cover) Conversa Com Adélia
(Inspirado no poema ‘Dona Doida’ de Adélia Prado). 29/01/10.
EstherRogessi (Inspirado no poema ‘Dona Doida’ de Adélia Prado)
A mente humana lembra o que não quer, são flashes em velocidade luz,lembranças de quando criança...
O passado bem presente.
Não lembro da chuva, como chove agora, nem dos seus pingos na poça d’água... Adélia, lembro daquele caderno, página arrancada para dar vida ao barquinho, que vi correr, após a chuva rente ao meio fio da calçada; de minha mãe... certamente lembro!
Falo convicta: chuchu novinho, angu, molho de ovos, rosas,amores,flores e cravos... não lhe inspiraram.
Quem sabe, nisso também temos afins?
Fugas, encontros, desencontros, desenganos... e, uma loucura, onde os loucos de pedra se julgam sãos.
Lembro da lua... Eu correndo, de cara prá cima n’uma vã tentativa de fugir dela;lembro também, daquele personagem mudo e insistente, desenhado na calçada, que não me largava... enquanto, eu corria aos gritos, pedindo socorro, querendo me livrar de sua insistente companhia, nas noites de lua... em vão!
Coisa de doida... Adélia!
Dona Doida
Adélia Prado
Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso
com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.
O texto acima foi extraído do livro "Poesia Reunida",
Editora Siciliano - 1991, São Paulo, página 108.
Adélia Prado
EstherRogessi (Cover) Conversa Com Adélia
(Inspirado no poema ‘Dona Doida’ de Adélia Prado). 29/01/10.