" Tua Sala"
Tua Sala
O resto que queiras me dar (...). Muito me alegra o coração que queiras me dar algo de ti. Mesmo depois que as ruas enlameadas foram meu infinito, e envergonho- me em saber que o infinito não é eterno.
Eterno “Drummond de Andrade”; pois suas palavras se perpetuam no calado das noites, e tu choras esperando meu regresso.
Mas retorno. E com meus pés calçados sujam-se de lama os tapetes persas da tua sala de estar. Tua sala, coração. E no primeiro olhar, aquela aparência acabada se contrasta aos teus olhos ainda vermelhos, que também combinam com a cor do vestido das infindas noites do nosso amor.
É onde a noite se faz dia. Neste dia, mais uma vez, acordo amparado no teu seio; sincero, perfeito, instigante, meu.
Faça algo que me impeça! Não permitas mais, minha saída incerta. Ao sentir saudades, talvez não volte mais. Ou não saiba mais o caminho. Ou não tenha mais a chave do teu coração. Amarre meus pulsos aos pés da mesa, na tua sala. Faz de mim prisioneiro teu (...). Teu; será que me entendes?
A promessa é não pedir nada – ao menos, nada que não seja de interesses em comum. Nada que o sorriso teu não possa me dar.
Tem de ser contigo, para ti, por ti. Se não puderes, que seja por mim, por nós! E que estes dias sejam regados com as [multi] Cores do amor. Estas deverão ser de alegria, cores que dão vida e fazem da decoração da tua sala ainda mais feliz. Capaz de perdoar, sala, coração.
E os sapatos que outrora pisaram teus tapetes persas? É quando ao amanhecer- ao teu lado- percebo estar descalço. Nu, para que haja ainda mais exatidão nestes versos.
Fábio Miranda