SONHANDO NAS NUVENS

A tarde, aos poucos, se entregava à noite, e, ela, feito a tarde, desejava entregar-se de corpo e alma ao sonho de amor de sua vida. Uma ponta de melancolia insistia em tocá-la, pois não era possível cumprir seu intento, naquele instante. Ela estava no extremo norte e ele, no sul. Era algo imaterial. Intocável. Queria ser como o aroma das flores que invadem os jardins e varandas, em cada entardecer. Queria ser como o ar, que passeia pela imensidão do universo e volta a terra. Ah, se assim fosse, iria até aquelas brancas nuvens, que pareciam feitas de algodão, localizadas no lado que nasce o sol, e, nelas se recostaria para descansar e sonhar com um suave amanhecer, onde pudesse, num passe de mágica, esquecer sua melancolia, e, pensar somente nas delícias que o amor proporciona.

Lembrou-se de quando era ainda menina, costumava olhar o céu e observando as nuvens, identificava inúmeras figuras, fantasias de sua mente. Algumas suaves, outras assustadoras. Assim, procurava enxergar somente as suaves; pois seu sensível coração preferia iludir-se com as doçuras dos sonhos, a ter que viver com os monstros da realidade. Tornou-se uma sonhadora, romântica, apaixonada pela vida, pelas pessoas e por tudo que faz.

Então, acreditou que sua melancolia, era gerada pela saudade, dos bons momentos vividos, que ficaram gravados para sempre em sua mente.

Deixou seus pensamentos fluírem, construindo a imagem, muito além das nuvens, de tudo aquilo que mais desejava naquele momento. Sorriu com o que visualizou, e, continuou com os seus sonhos.

Cellyme
Enviado por Cellyme em 25/01/2010
Código do texto: T2049198
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