MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA
E agora? O que se dá quando todos os projetos falharam?
Como é que se vai adiante em ruínas, com bolas de ferro nos pés, sonhos desfeitos, legados não cumpridos, ajudas não dadas?
Como é que se cresce de novo sem se sentir um grão de poeira, o sopro do nada, a ínfima gota de água, o último dos decentes?
Como é que se exerce uma honestidade quando se parece desonesto e cafajeste?
Como é que se mantém a coragem, a força, rapidez do raciocínio?
Como é que se confia no que se sente? Como dar bolas a intuição, leveza, a fé incontestável?
Como é que medos que pareciam exorcizados voltam a rondar novamente? Criando uma névoa ao redor do espírito, dissipando lágrimas...excesso este de líquidos que deixa meu barco sem equilíbrio num mar bravio. Perdi a quilha, a âncora?
Como é que se sai da sinuca de bico, das situações encurraladas,do alto do precípicio, do pré-tombo, das surpresas desagradáveis, dos desencontros, da demora aflitiva?
Tenho a impressão sem molde de que esse estado é quase permanente, apesar de saber que toda tempestde é passageira, mas dilúvio toma conta!
Tenho medo de desaprender o que sei e tudo que acredito. Tenho medo de fcar no meio da rua, a mercê dos favores, a mercê indelicada dos ventos. Tenho medo de um estado que só piora...
Apesar de saber no meu centro da transitoriedade de tudo; que só se leva o abstrato, o extrato das experiências e conhecimento.
Mas eu ainda tenho um corpo, eu ainda habito a Terra, tenho que sobreviver a algumas guerras e sofro de um infinito cansaço, parece que meu escudo perdeu a vitalidade...
Parece que pago por uma dívida que não tenho, a conta alt demais me foi apresentada, apesar de alguns dos meus erros, mas com toda a disposição dos acertos...
Se sou a incumbência, a carta da vez, peço um pouc de trégua, pois o que já sou está em carne mais do que viva, e já é mais que benvinda um pouco de suavidade...