Fevereiro

[poema para ser lido em qualquer estação do ano, salvo exceções ignorantes e promessas não cumpridas]

(janelas) [trecho para ser lido com lágrimas nos olhos]

Me conta,

Conta os dias.

Me encontra,

Lágrimas compondo oceanos

Musicais.

(piano) [toque jazz no durante deste trecho]

E os dias passam como pausas,

Fotografam um doer.

Doem como fotografias

Da distância de você.

(trêsporquatro) [leia-se estático, como um outdoor de lingeries eróticas]

Incomodam poesias

Desalinham melodias

Dodecafônicas saudades

Assimetrias de janeiro.

(tiquetaque) [como um relógio quebrado, diga-se de passagem]

E assim passam as horas

Os momentos, os instantes.

Passam chuvas, passam cores

Minha espera, minhas dores

Deságuam, irrelevantes

Num afluente Fevereiro.

(correnteza, flores: sim) [trecho para ser lido com sorrisos falsos e falsas esperanças]

E depois do Fevereiro,

A chuva há de molhar meus cabelos?

[trecho desesperado, repleto de cavalos brancos e relógios em sentido anti-horário:]

ponto.

[revés: volte quatro casas e recomece o jogo]

Gustavo Alvaro
Enviado por Gustavo Alvaro em 24/01/2010
Código do texto: T2047691
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