De (quase) tudo que eu sei...
De (quase) tudo que eu sei...
Sei discernir do bom o ruim
O excelente do apenas razoável.
Sei o sabor do doce e do sal
O gosto picante, o acredoce.
Sei olhar o céu, quando azul ou cinza
Quando há chuva em pleno sol.
Sei contar estrelas na escuridão.
Sei dos aromas de terra molhada,
De solo suado, do frio, do calor...
Sei separar do bem o mal
Um terno abraçar de um amargor
Sei a emoção do olhar que sorri farto
Sei ver através do ser o querer, o desejar.
Sei falar em silêncio, com a mudez dialogar
Sei driblar na escuridão o só da solidão,
Sei quando azula a liberdade no negrume da prisão
Sei compreender a falta: solene, latente ou dolente.
Sei de letras, das tintas, grafites. De poema e fantasia.
Sei da musicalidade do verso alado que apaixona
Sei contar rimas coloridas pela fresca brisa
Sei do encantar em prosa, da poesia perdida
De barquinhos de papel na enxurrada de sonhos...
Sei de mim, do abandono do seco, do engasgar
Do choro contido eu sei. Sei do que se faz perdido
Da flor interior, do respirar do compor, suplantar.
Sei de quem ontem fui, do que hoje eu sou...
Sei aonde vou, mas carrego guarda-chuvas
Sei do calvário de transportar pesada dor
Sei, no entanto fazer leve, cabível e menos sofrível
Sei do conviver com a sombra, aniquilante vazio...
Sei muito, sei tempo, sei tanto,
Tão pouco, quase tudo, quase nada...
Só não sei me esconder da busca de ti.
E não sei distância, do de ti me apartar.
Não aprendi. Nunca li. Disso me perdi.
Não soube, não sei
Desconheço, ignoro...
Não sei, não sei... Desconheço-me completamente sem ti.