SOBRE OS CICLOS
Quando a “minha” paineira está no seu ciclo de inverno, despida de flores, de painas, de folhas, de tudo, embora vendo-a assim meus sentidos se vejam perturbados, minha memória me diz que é assim mesmo, que o tempo a passar, ainda que tenha seu lado inclemente,até assassino, por outro lado trará de volta, no tempo exato dela, paineira, as suas folhas, as suas flores, os seus frutos que são as painas…de novo o desnudamento. Tento apreender e aprender destes ciclos pelo menos alguma esperança, já que nos é impossível, a nós humanos, sermos “apenas” Natureza. Dói? Ah, em certos momentos, como a morte, mas, sem o sentimento da morte não se pode renascer… não se pode renascer… Ah, quantas vezes eu quis (e continuo querendo), quase ao ponto da loucura e sempre impossivelmente, ter nascido uma borboleta sem necessidade de metáforas.
Zuleika dos Reis, em algum dia de 2008.