A VOZ DO CORAÇÃO - Meu coração é mudo ou estou surda?

Ouvir o coração…tanto se fala de ouvir a voz que vem do coração, de se deixar levar pelo impulso do coração, de parar e sentir o que – verdadeiramente – o nosso coração quer…

Por vezes acho-me surda para essa voz tão latente. Ou simplesmente a ignoro, fingindo ouvir outras vozes que me confundem com auto-permissão.

O coração tem razão que a própria razão desconhece – eis um dito popular que nos permite dar vazão a todos os sentimentos e sentidos – senão ao nosso próprio coração.

Se – de fato – o ouvíssemos, se – de fato – parássemos para ouví-lo…o escutariamos e, racionais que somos – ainda que sem razão – escutariamos essa voz que a razão conhece bem, bem melhor do que a emoção.

Quando resolvemos apelar para a voz, quando nos rendemos – ou fingimo-nos rendidos – ao mais profundo dos nossos sentimentos, já estamos de tal forma mergulhados na emoção (do ódio, da angústia, do desespero, da desilusão…) que não temos razão suficiente para ouvir os sábios conselhos deste órgão vital, que não só bombeia o sangue que nos corre pelas veias. Nos mantemos vivos por ele e através dele, mas somos por demais racionais e pensantes para não darmos ouvidos…

Recorremos às cartas, aos magos, aos gurus, aos oráculos…porque simplesmente não confiamos em nós mesmos, em nossa capacidade de sentir e entender o aperto no estômago, o calafrio nas mãos, as aceleradas e disparos – enquanto ele se manifesta e fala…e diz…e responde…e indica caminhos.

Neste momento meu coração está querendo me dizer algo, mas insisto em ler, escrever, pesquisar e fazer projetos.

Neste exato momento meu coração está disparado dentro do meu peito…eu finjo não ouví-lo.

Somos nossos maiores boicotadores, tememos muito mais o sucesso do que o fracasso. Usamos 10% (quando muito) de nossa capacidade mental…e somos racionais. Imagina se não o fôssemos…

Um trago no cigarro é o suficiente para acalmá-l0…afinal ele está aflito, não eu.

Eu estou apenas insone. Não o escuto…ele nada fala.

Emudeço escrevendo…e continuo surda.

Publicado em www.simonecosta.wordpress.com