Eu, esta estranha
Estou tão assustada neste campo no qual entrei e que me é tão desconhecido!
Se existisse alguém para quem eu pudesse entregar meus medos, mas não há.
Tudo é tão novo para mim, tudo tão complicado e não sei o que fazer disto tudo.
Como é assustador amar! Como é difícil para eu entender tudo que este sentimento envolve.
E não há como compreender que coisas tão simples me levaram ao paraíso e coisas tão simples me levaram ao inferno do desconhecimento.
Esta pessoa que hoje estou é uma desconhecida para mim.
Tenho tido atitudes que jamais tive e reações que jamais experimentei.
Esta alegria que me invadiu e se transformou em absoluta tristeza na mágoa profunda, que me envolveu ao me sentir tão desrespeitada nesta minha ingenuidade tardia.
Não entendo mais nada, nenhuma palavra continuou sendo amiga da minha alma em agonia.
Não entendo mais nenhuma metáfora, ainda preciso da simplicidade das palavras que se tornaram minhas inimigas cruéis.
Não entendo porque este sentimento tão recente em mim causou atitudes tão extremas em quem deveria apenas aceitá-lo.
Não pedi nada, nada que fosse mudar qualquer coisa nesta pessoa amada por mim, mas é como se eu o tivesse feito.
Tudo em mim agora é remoto demais e não sei como acalmar este abalamento das minhas antigas estruturas.
Eu só desejei belas noites e lindos dias para este amor; isto me fazia feliz, mas causou um estrago que foge ao meu entendimento mais requintado e recai sob minha ignorância total destas reações tão exacerbadas.
Tentei criar belezas para aqueles olhos e ainda que não tenha conseguido fazê-las de fato, não justifica este desterro para o qual fui lançada.
Ah! Esta desconhecida que hoje sou se divide entre a ternura e a fúria.
Estou assustada demais com tudo isto e não posso entregar estes medos a ninguém, ninguém!
Este amor me faz sentir maior que meu eu comporta, não há mais espaço em mim para mim e não sei para onde irei, a que lugar caberei, em qual espaço poderei esparramar tantas sensações misturadas em mim.
Estou aterrorizada comigo, com esta estranha que terei que saber ser.